Sempre tive um comportamento meio estranho. Gosto muito de tomar banho, porém no escuro, sempre. A luz – solar ou não – sempre me incomodou. Por ter os olhos claros vinculado com essa aversão a luz, fui diagnosticado como fotofóbico, ou como preferir, alguém que sofre de hipersensibilidade da luz. Sempre acompanhado de óculos escuro, eu evito a luz há uns 10 anos já. Também sempre sofri de sinusite aguda e rinite alérgica. Quando a crise de espirros vem, nada faz passar, já tentei de tudo: Polaramine, Loratadina, Budercorte, mas sempre a crise alérgica perpetuava pelo dia todo.
Tem mais de um ano que eu mudei de São Paulo para Uberaba. Acreditava que um fator benéfico ao meu favor dessa mudança, seria a amenização dessas crises alérgicas, mas eu “caí do cavalo”, elas pioraram excessivamente. Meu nariz entupia de tal modo que apenas Cloridrato de Fenozasolina descongestionava. Cheguei a usar um frasco de 10 ml em uma noite. Hoje eu sou dependente químico dessa droga, uso me média um frasco em 9 dias.
À cerca de três semanas, eu resolvi passar uns dias na casa do meu pai. As crises alérgicas aumentaram em proporções catastróficas. Estive nesse tempo dormindo no mesmo quarto que meu irmão. Acreditava que a poeira do quarto e a cortina improvisada com uma coberta eram os culpados.
Nesta manhã, meu irmão foi se arrumar para o serviço e acendeu a luz. Em questão de cinco minutos eu estava tossindo e espirrando muito. Era a maldita crise de novo, era só a luz ser acesa e “BANG!”, os espirros não paravam (e dá-lhe Loratadina de novo). Por volta de 9:40 da manhã, eu fui na padaria com meu pai acompanhá-lo. Espirrei o caminho todo, entrei no estabelecimento eu parei de espirrar, no caminho de volta torno a espirrar compulsivamente. Quando eu cheguei em casa, tudo pareceu acalmar. Meu nariz começou a arder e a cara formigar. Conhecia aquela sensação já, era a crise alérgica acalmando-se. Subi para o quarto do meu irmão e a crise começou de novo. “maldita poeira” – pensei. Fui instintivamente correndo tomar um banho. Sempre percebi que isso ajuda a amenizar a crise, logo, sempre procedi desse modo nessas situações.
Neste ínterim, me veio uma idéia de pesquisa na internet. “Será que... Isso existiria?”. Me deparei com diversos artigos sobre um assunto: “Alergia à Luz”, ou também conhecida como “fotosenssibilidade” ou “ espirro fotótico”. Exato! Tudo se encaixava. O quarto de meu irmão fica o dia todo exposto ao sol, desde o momento em que ele nasce até ele se por. Ele está em um péssimo anglo que permite com que isso aconteça. Não era a luz que ele acendia de manhã que desencadeava a crise de espirros, mas sim o sol que nascia naquele momento. Minha avó sempre ressaltou que bastasse eu ir para a praia que eu ficava gripado. Espirrava muito e o nariz não parava de escorrer. É óbvio que vir para uma cidade interiorana não melhoraria neste caso, pois aqui se tem menos poluição e os raios de sol banham os lugares ainda mais. Trabalhei por 8 dias em um serviço noturno, nesse período eu não tive nenhuma crise alérgica. Dormia o dia todo e ficava acordado até o sol se pôr. Minha saúde estava boa, até conseguia ficar sem o uso do Cloridrato de Fenoxasolina pela noite toda.
Toda a minha aversão a claridade estava explicada, tudo que eu sentia batia com os sintomas da doença. Resolvi fazer um teste: vendei meus olhos com um pano preto, tomei um banho e em seguida fui para o quarto de minha irmã e lá permaneci na escuridão. Aos poucos a crise foi diminuindo e meu canal nasal desobstruindo.
Não existe um exame que diagnostica essa doença, é apenas uma série de eventos (tipo os que eu sofri) que levam ao diagnóstico. Se eu realmente sofro de fotosenssibilidade eu não sei, mas evitar a luz em geral faz com que eu não tenha crise de espirro. Sempre vincularam o modo como eu evitava a luz e o dia com o fato d’eu gostar de histórias vampiricas, com o rock que eu escutava ou até mesmo com depressão.
Como a doença funciona: Existe um nervo dentro do nosso crânio chamado Nervo Trigêmeo, que tem função mista (serve tanto para mexer quanto para sentir). A parte motora desse nervo faz a mandíbula funcionar e a parte sensitiva dá sensação à pele do rosto, à parte de trás da língua, aos dentes, às pálpebras e às mucosas da boca e nariz. E é aqui onde meu interesse começa. O nervo ótico (um nervo do tipo que só serve para sentir) quando superestimulado (sair de um lugar escuro para um muito claro) pode vazar e interferir no trigêmeo (assim como ligar o liquidificador pode interferir na imagem do televisor. Fiação mal-feita...), acionando-o. Isso é um traço genético de codominância (não vou explicar isso aqui, mas é o mesmo esquema de tipo sanguíneo) que faz com quê os indivíduos que a possuam espirrem quando saiam ao sol.
Algumas teses (inconclusivas) minhas sobre a doença agindo especificamente em mim:
1 – Retenção de líquido: Sempre fui gordinho. Fiz inúmeras dietas, mas sempre recuperei peso muito fácil. Não como muito, rápido sim, mas em quantidade, eu não passo dos limites. Loratadina, o que eu venho me entupindo a vida toda, faz reter liquido. E de certa forma, acredito que o Cloridrato de Fenoxasolina também provoca essa retenção de líquido.
2 – Banhos excessivos no escuro: O calor da água quente faz os nervos dilatarem. Sempre meu nariz obstruía nesses banhos, mas a crise de espirro passava. De certa forma isso me ajudava.
3 – Dores de cabeça: todo santo dia eu tinha dor de cabeça. Bastasse sair ao sol que ela vinha. Sempre achei que isso fosse pela sinusite, mas por outro lado, é impossível que meus sinos estejam inflamados por 15 anos ininterruptamente depois de tanto anti-inflamatório tomado em diversas situações.
Se você quiser saber mais sobre essa doença, procure um oftalmologista ou se não tem convênio e o serviço público de seu país for uma merda como no meu, pesquise na internet!
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Você tem alergia à luz?
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